segunda-feira, 17 de junho de 2019

Igreja Católica precisa de pastores!



O Papa Francisco disse em sua primeira missa crismal como Bispo de Roma uma frase que marcou: “sede pastores com o cheiro das ovelhas”. Queremos, como leigos, ajudar aos nossos pastores, padres e bispos, a vivenciarem bem esse pedido à luz do Bom Pastor (Jo 10, 11), que passou sua vida terrena “fazendo o bem” (At 10, 38) e, agora, sentado à direita de Deus, intercede por nós, para nos levar para a Casa do Pai (Hb 7, 25).

Acreditamos que a melhor forma de obter é mediante a oração. Portanto, reze conosco!

Dai-nos, Senhor, pastores que participem dos momentos de júbilo, como festas de casamento, de batizado, de aniversários, confraternizações no geral, assim como Vós participastes das Bodas de Caná (Jo 2, 1-11).

Dai-nos, Senhor, pastores que estejam presentes nos momentos de dor, como nos velórios, nas casas dos pacientes terminais ou acamados, nos hospitais (enfermarias, UTIs etc.), assim como Vós estivestes no velório da filha de Jairo (Mc 5, 38), no luto de Marta e Maria de Betânia (Jo 11, 21.32), no cortejo fúnebre do filho da viúva de Naim (Lc 7, 13).

Dai-nos, Senhor, pastores que se alegrem com os que estão alegres e chorem com os que choram (Rm 12, 15).

Dai-nos, Senhor, pastores que rezem sem cessar (1Ts 5, 17), considerando que as atividades mais simples devem ser realizadas em espírito de oração (1Cor 10, 31).

Dai-nos, Senhor, pastores que visitem as casas de todos, apesar do anfitrião ser desagradável (Lc 7, 39), ser mal-visto pelos outros (Lc 19, 7).

Dai-nos, Senhor, pastores que sejam pacientes com as crianças e não as afastem da Igreja junto com seus familiares por causa dos choros, pirraças, agitações etc. (Mt 19, 13-14).

Dai-nos, Senhor, pastores que estejam disponíveis para ouvir (Mc 10, 51).

Dai-nos, Senhor, pastores que amem, não “com palavras, nem com a língua, mas por atos e em verdade” (1Jo 3, 18).

Dai-nos, Senhor, pastores que conduzam as ovelhas a Vós, escondido no Santíssimo Sacramento (Jo 6, 51).

Dai-nos, Senhor, pastores que queiram dar de graça o que de graça receberam de Vós (Mt 10, 8).

Dai-nos, Senhor, pastores que ensinem a doutrina dos vossos apóstolos (At 2, 42), tal qual receberam e está contida no Catecismo da Igreja Católica (Magistério, Tradição e Escritura).

Dai-nos, Senhor, pastores que lembrem ao povo a moral dos Dez Mandamentos, tal qual os aperfeiçoamentos feitos por Vós, sobretudo em matéria de trato mútuo (Mt 5, 22) e de pureza (Mt 5, 28).

Dai-nos, Senhor, pastores que queiram agradar a Vós e não aos homens (Gl 1, 10; Ef 6, 6).

Dai-nos, Senhor, pastores que celebrem a Santa Missa (1Cor 11, 23), tal qual receberam de Vós e da vossa Igreja, sem modismos, sem firulas, sem “criatividade selvagem”.

Dai-nos, Senhor, pastores que não cometam o terrível crime do sacrilégio contra o vosso Corpo e o vosso Sangue, atraindo maldições a si e a paróquia, ao comungar em pecado grave sem ter sido confessado (1Cor 11, 27-30).

Dai-nos, Senhor, pastores que gastem tempo ministrando a Confissão (Jo 20, 23), sobretudo para os fiéis da zona rural não contemplados nos horários fixos da zona urbana, assim todos, da roça e da cidade, poderão “louvar a Deus por ter dado tal poder aos homens” (Mt 9, 8).

Dai-nos, Senhor, pastores que sejam misericordiosos e acolham os pecadores de modo que abandonem seus pecados graves, ainda mais quando escandalosos, e fazem outros caírem (Jo 8, 1-11).

Dai-nos, Senhor, pastores que deem a unção aos doentes (Tg 5, 14-15; Mc 6, 13), principalmente quando não têm condições de ir à secretaria paroquial.

Dai-nos, Senhor, pastores que se alegrem mais em dar do que receber (At 20, 35).

Dai-nos, Senhor, pastores que preparem de verdade os jovens para o matrimônio e para a árdua missão de serem família, Igreja doméstica (Ef 5, 25-30).

Dai-nos, Senhor, pastores que rezem por mais pastores (Lc 10, 2) e eduquem novos pastores (Fl 4, 9; 2Tm 2, 1-3).

Dai-nos, Senhor, pastores que joguem fora as “panelinhas”, que dividem vossa Igreja ainda mais por dentro (1Cor 3, 4).

Dai-nos, Senhor, pastores que saibam valorizar os que estão a serviço, mas que vão ao encontro dos que se perderam e lhes restituam a dignidade de filhos de Deus (Lc 15, 31-32).

Dai-nos, Senhor, pastores que se preocupem mais com o templo vivo do Espírito Santo do que com paredes de tijolo, cimento, argamassa, pintura, textura (1Cor 6, 19-20).

Dai-nos, Senhor, pastores que suportem as pequenas faltas das ovelhas, sem se esquecer da correção fraterna quando necessária (Cl 3, 13-16; Mt 18, 15-17).

Dai-nos, Senhor, pastores cheios do Espírito Santo (Ef 5, 18) e que prossigam no caminho decididamente (Fl 3, 16).

Dai-nos, Senhor, pastores que sejam “pescadores de homens” (Lc 5, 10) e não de dinheiro (Mt 6, 24).

Dai-nos, Senhor, pastores que queiram “ser tudo para todos” (1Cor 9, 22).

Dai-nos, Senhor, pastores sem vida própria (Mt 16, 24), então vazios de si (Fl 3, 8), poderão oferecer a presença de Outro (Gl 2, 20; At 19, 11).

Dai-nos, Senhor, pastores que calculem o sobredito sem esquecer de somar com Mateus 25, 31-46.

Dai-nos, Senhor, pastores que apascentem as ovelhas, livrando-as dos lobos (Jo 10, 12) e as conduzam às pastagens verdejantes do Reino dos Céus (Fl 3, 20).

Afinal, Senhor, de que adianta os pastores ganharem o mundo inteiro se vierem a perder as suas almas? (Mc 8, 36). Bendito sejais porque já nos ouvistes. Amém. 

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Irmãos, a verdade é: essa lista de preces poderia ser muito maior e cada vez mais detalhada em pormenores. Aos homens de carne e osso, é impossível cumpri-la, ainda que seja no primeiro item. Somente com o Bom Pastor é possível realizá-la por meio da graça que supõe e aperfeiçoa a natureza (Jo 15, 5; 2Cor 12, 9). Apenas em estado de graça haverá um rio de água viva (Jo 7, 38) no coração do padre/do bispo. Caso contrário, ele será tudo, menos o pastor conforme o coração de Deus (Jr 3, 15). Com Nosso Senhor, o fardo e o jugo serão leves (Mt 11, 28-30) e receberão, já agora, cem vezes mais do que renunciaram, com perseguições, e depois a recompensa eterna no Céu (Mc 10, 30).

PS. Não podemos nos esquecer que o Papa Francisco também insiste muito na questão do bem possível, isto é, Deus não nos exige coisas impossíveis. Tudo que podemos dar é o que devemos dar. Se só cobramos os nossos pastores e não colaboramos na missão, imitamos a “justiça” dos fariseus: atam fardos pesados sobre os ombros dos outros e eles mesmos não os moviam sequer com o dedo (Mt 23, 4). Nosso Senhor mal tinha tempo para se alimentar e, quando tentou fazer um retiro com os discípulos esgotados, não conseguiu, pois “viu uma grande multidão e compadeceu-se dela, porque era como ovelhas que não tem pastor” (Mc 6, 34). Como ovelhas do aprisco do Bom Pastor, ajudemos os nossos pastores a fazerem o possível com o nosso possível!

quarta-feira, 5 de junho de 2019

Francisco: Quem ostenta pecados públicos não pode dar catequese ou pregar!


“Se for rejeitar os pecadores como catequistas, não vai sobrar ninguém!” – ouvi isso de alguém que defendia a aceitação de pessoas que vivem em situação objetiva de pecado mortal como catequistas.
É uma boa frase de impacto, que pode convencer os menos advertidos. Mas é totalmente superficial e enganosa.
Uma coisa é um pecador que, a cada queda, rejeita o pecado e retoma o caminho de santidade, fortalecendo-se nos sacramentos da Penitência e da Eucaristia. Outra coisa bem diferente é estar em constante situação de pecado mortal e público, sem se desvencilhar dessa situação – o que lhe impede até mesmo de receber a Sagrada Comunhão.
O que é viver em pecado mortal e público? É a pessoa que, mesmo sabendo que a doutrina da Igreja condena a moralidade de seu modo de vida, decide (por motivos que só Deus pode julgar) seguir vivendo nesse mesmo estado. Soma-se a isso o fato de que se trata de um modo de vida assumido publicamente.
Para falar dos casos mais comuns de pecados graves e públicos, podemos citar:
  • os casais em segunda união (pessoas que, sendo casadas na Igreja, se divorciaram e se uniram a outra pessoa);
  • pessoas solteiras que vivem amasiadas;
  • homossexuais que não vivem a castidade e se relacionam com pessoas do mesmo sexo.
As portas e o coração da Igreja e de todos os cristãos devem estar escancaradas para essas pessoas, que são bem-vindas nas mais diversas atividades das paróquias: reuniões de oração, estudos bíblicos, palestras de formação espiritual, ações de caridade, direção espiritual com o padre ou diácono e no serviço às mais diversas pastorais.
Parece-me muito razoável que as pessoas em situação matrimonial irregular atuem (até mesmo em funções de liderança) nas pastorais carcerária, do dízimo, do teatro, da saúde, da criança, da música etc.
Porém, é problemático que assumam funções de catequese e pregação. Seria como passar a seguinte mensagem aos catecúmenos: “A Igreja prega isso e isso sobre moral sexual. Mas não é tão sério assim, porque, vejam, seu catequista vive o contrário disso e está aí, pregando para você. E está tudo bem!”.
Ou alguém aí acha que seria uma boa ideia ter uma casal em situação matrimonial irregular na coordenação do ECC - Encontro de Casais com Cristo? E que tal seria um homem em segunda união ser ordenado diácono?
Um catequista que vive em situação matrimonial irregular é como um personal trainer magricelo e flácido. Ele tem a missão de te motivar a pegar pesado nos exercícios e a ter disciplina com a alimentação. Ele até faz isso... Mas só com palavras! Pois, quando você olha para o seu estilo de vida e imagem, vê imediatamente o abismo entre o que ele prega e o que ele pratica.
A regra é simples: os que vivem em situação objetiva de pecado mortal “devem ser mais integrados na comunidade cristã sob as diferentes formas possíveis, evitando toda a ocasião de escândalo” (Amoris Laetitia, 299). Ou seja, integração SIM, desde que o serviço eclesial assumido não seja motivo de escândalo
Acho que a lógica deveria bastar e sobrar para provar o que estamos dizendo. Mas, para quem é viciado em pedir documentos, vamos lá...
Catecismo aborda a questão de forma bem genérica, mas já delineia a existência de uma limitação sobre as funções que pessoas em segunda união podem assumir na Igreja:
Por isso, não podem aproximar-se da comunhão eucarística, enquanto persistir tal situação. Pelo mesmo motivo, ficam impedidos de exercer certas responsabilidades eclesiais. (CIC, 1650)
Já sabemos que não podem “exercer certas responsabilidades eclesiais”. Mas quais seriam essas responsabilidades? O Papa Francisco dá nome aos bois:
Trata-se de integrar a todos, deve-se ajudar cada um a encontrar a sua própria maneira de participar na comunidade eclesial, para que se sinta objecto duma misericórdia «imerecida, incondicional e gratuita». Ninguém pode ser condenado para sempre, porque esta não é a lógica do Evangelho! Não me refiro só aos divorciados que vivem numa nova união, mas a todos seja qual for a situação em que se encontrem. Obviamente, se alguém ostenta um pecado objectivo como se fizesse parte do ideal cristão ou quer impor algo diferente do que a Igreja ensina, não pode pretender dar catequese ou pregar e, neste sentido, há algo que o separa da comunidade (cf. Mt 18, 17). Precisa de voltar a ouvir o anúncio do Evangelho e o convite à conversão. Mas, mesmo para esta pessoa, pode haver alguma maneira de participar na vida da comunidade, quer em tarefas sociais, quer em reuniões de oração, quer na forma que lhe possa sugerir a sua própria iniciativa discernida juntamente com o pastor.
- Amoris Laetitia, 297
É fundamental esclarecer que o católico divorciado que vive castamente pode ser catequista, sem problemas. Especialmente quando não foi o causador do divórcio, e fez de tudo para manter o casamento.
A ação pastoral justa e misericordiosa se alcança por meio de um equilíbrio que só a graça do Espírito Santo pode nos dar. Ao rejeitar o farisaísmo, não podemos cair no erro oposto: o jujubismo.
Extraído d'O Catequista