segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Tu és Pedro



No dia 29 de junho, a Igreja celebra os dois pilares da fé católica, São Pedro e São Paulo. Em outra ocasião, já mostramos como ambos os apóstolos refutam o protestantismo (clique aqui). Hoje prestamos nossa homenagem a São Pedro com base num itinerário dentre tantos possíveis, elaborado por nós, à luz dos Evangelhos.

A VOCAÇÃO DE SÃO PEDRO
"Estando Jesus um dia à margem do lago de Genesaré, o povo se comprimia em redor dele para ouvir a Palavra de Deus. Vendo duas barcas estacionadas à beira do lago –, pois os pescadores haviam descido delas para consertar as redes –, subiu a uma das barcas que era de Simão e pediu-lhe que a afastasse um pouco da terra; e sentado, ensinava da barca o povo. Quando acabou de falar, disse a Simão: “Faze-te ao largo, e lançai as vossas redes para pescar”. Simão respondeu-lhe: “Mestre, trabalhamos a noite inteira e nada apanhamos; mas, por causa de tua palavra, lançarei a rede”. Feito isto, apanharam peixes em tanta quantidade, que a rede se lhes rompia. Acenaram aos companheiros, que estavam na outra barca, para que vies­sem ajudar. Eles vieram e encheram ambas as barcas, de modo que quase iam ao fundo. Vendo isso, Simão Pedro caiu aos pés de Jesus e exclamou: “Retira-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador”. É que tanto ele como seus companheiros estavam assombrados por causa da pesca que haviam feito. O mesmo acontecera a Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram seus companheiros. Então, Jesus disse a Simão: “Não temas; doravante serás pescador de homens”. E, atracando as barcas à terra, dei­xaram tudo e o seguiram” (Lc 5, 1-11).

AS RENÚNCIAS DE SÃO PEDRO
"Jesus disse então aos seus discípulos: “Em verdade vos declaro: é difícil para um rico entrar no Reino dos Céus! Eu vos repito: é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus”. A estas palavras seus discípulos, pasmados, perguntaram: “Quem poderá então salvar-se?”. Jesus olhou para eles e disse: “Aos homens isso é impossível, mas a Deus tudo é possível”. Pedro então, tomando a palavra, disse-lhe: “Eis que deixamos tudo para te seguir. Que haverá então para nós?” Respondeu Jesus: “Em verdade vos declaro: no dia da renovação do mundo, quando o Filho do Homem estiver sentado no trono da glória, vós, que me haveis seguido, estareis sentados em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel. E todo aquele que por minha causa deixar irmãos, irmãs, pai, mãe, mulher, filhos, terras ou casa receberá o cêntuplo e possuirá a vida eterna”. “Muitos dos primeiros serão os últimos e muitos dos últimos serão os primeiros” (Mt 19, 23-30).

O INÍCIO DO PAPADO E O PODER DAS CHAVES
"Chegando ao território de Cesareia de Filipe, Jesus perguntou a seus discípulos: “No dizer do povo, quem é o Filho do Homem?”. Responderam: “Uns dizem que é João Batista; outros, Elias; outros, Jeremias ou um dos profetas”. Disse-lhes Jesus: “E vós quem dizeis que eu sou?” Simão Pedro respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!”. Jesus, então, lhe disse: “Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos céus E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus” (Mt 16, 13-19).

SÃO PEDRO REJEITA A CRUZ E NOSSO SENHOR O REPREENDE
"E começou a ensinar-lhes que era necessário que o Filho do Homem padecesse muito, fosse rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e pelos escribas, e fosse morto, mas ressuscitasse depois de três dias. E falava-lhes abertamente dessas coisas. Pedro, tomando-o à parte, começou a repreendê-lo. Mas, voltando-se ele, olhou para os seus discípulos e repreendeu a Pedro: “Afasta-te de mim, Satanás, porque teus sentimentos não são os de Deus, mas os dos homens”. Em seguida, convocando a multidão juntamente com os seus discípulos, disse-lhes: “Se alguém me quer seguir, renuncie-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Porque o que quiser salvar a sua vida, irá perdê-la; mas o que perder a sua vida por amor de mim e do Evangelho, irá salvá-la. Pois que aproveitará ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder a sua vida?" (Mc 8, 31-36).

NOSSO SENHOR PREVÊ A NEGAÇÃO
"Disse-lhes então Jesus: “Esta noite serei para todos vós uma ocasião de queda; porque está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho serão dispersadas (Zc 13,7). Mas, depois da minha Ressurreição, eu vos precederei na Galileia”. Pedro interveio: “Mesmo que sejas para todos uma ocasião de queda, para mim jamais o serás”. Disse-lhe Jesus: “Em verdade te digo: nesta noite mesma, antes que o galo cante, três vezes me negarás”. Respondeu-lhe Pedro: “Mesmo que seja necessário morrer contigo, jamais te negarei!”. E todos os outros discípulos diziam-lhe o mesmo” (Mt 26, 31-35).

A NEGAÇÃO DE SÃO PEDRO
"Enquanto isso, Pedro estava sentado no pátio. Aproximou-se dele uma das servas, dizendo: “Também tu estavas com Jesus, o Galileu”. Mas ele negou publicamente, nestes termos: “Não sei o que dizes”. Dirigia-se ele para a porta, a fim de sair, quando outra criada o viu e disse aos que lá estavam: “Este homem também estava com Jesus de Nazaré”. Pedro, pela segunda vez, negou com juramento: “Eu nem conheço tal homem”. Pouco depois, os que ali estavam aproximaram-se de Pedro e disseram: “Sim, tu és daqueles; teu modo de falar te dá a conhecer”. Pedro, então, começou a fazer imprecações, jurando que nem sequer conhecia tal homem. E, neste momento, cantou o galo. Pedro recordou-se do que Jesus lhe dissera: “Antes que o galo cante, tu me negarás três vezes”. E saindo, chorou amargamente" (Mt 26, 69-75). 

A CURA DE SÃO PEDRO
"Depois disso, tornou Jesus a ma­nifestar-se aos seus discípulos junto ao lago de Tibería­des. Manifestou-se deste modo: Estavam juntos Simão Pedro, Tomé (chamado Dídimo), Natanael (que era de Caná da Galileia), os filhos de Zebedeu e outros dois dos seus discípulos. Disse-lhes Simão Pedro: “Vou pescar”. Responderam-lhe eles: “Também nós vamos contigo”. Partiram e entraram na barca. Naquela noite, porém, nada apanharam. Chegada a manhã, Jesus estava na praia. Todavia, os discípulos não o reconheceram. Perguntou-lhes Jesus: “Amigos, não tendes acaso alguma coisa para comer?”. – “Não”, responderam-lhe. Disse-lhes ele: “Lançai a rede ao lado direito da barca e achareis”. Lançaram-na, e já não podiam arrastá-la por causa da grande quantidade de peixes. Então, aquele discípulo a quem Jesus amava, disse a Pedro: “É o Senhor!”. Quando Simão Pedro ouviu dizer que era o Senhor, cingiu-se com a túnica (porque estava nu) e lançou-se às águas. Os outros discípulos vieram na barca, arrastando a rede dos peixes (pois não estavam longe da terra, senão cerca de duzentos côvados). Ao saltarem em terra, viram umas brasas preparadas e um peixe em cima delas, e pão. Disse-lhes Jesus: “Trazei aqui alguns dos peixes que agora apanhastes”. Subiu Simão Pedro e puxou a rede para a terra, cheia de cento e cinquenta e três peixes grandes. Apesar de serem tantos, a rede não se rompeu. Disse-lhes Jesus: “Vinde, comei”. Nenhum dos discípulos ousou perguntar-lhe: “Quem és tu?” –, pois bem sabiam que era o Senhor. Jesus aproximou-se, tomou o pão e lhos deu, e do mesmo modo o peixe. Era esta já a terceira vez que Jesus se manifestava aos seus discípulos, depois de ter ressuscitado. Tendo eles comido, Jesus perguntou a Simão Pedro: “Simão, filho de João, amas-me mais do que estes?”. Respondeu ele: “Sim, Senhor, tu sabes que te amo”. Disse-lhe Jesus: “Apascenta os meus cordeiros”. Perguntou-lhe outra vez: “Simão, filho de João, amas-me?”. Respondeu-lhe: “Sim, Senhor, tu sabes que te amo”. Disse-lhe Jesus: “Apascenta os meus cordeiros”. Perguntou-lhe pela terceira vez: “Simão, filho de João, amas-me?”. Pedro entristeceu-se porque lhe perguntou pela terceira vez: “Amas-me?” –, e respondeu-lhe: “Senhor, sabes tudo, tu sabes que te amo”. Disse-lhe Jesus: “Apascenta as minhas ovelhas. Em verdade, em verdade te digo: quando eras mais moço, cingias-te e andavas aonde querias. Mas, quando fores velho, estenderás as tuas mãos, e outro te cingirá e te levará para onde não queres”. Por essas palavras, ele indicava o gênero de morte com que havia de glorificar a Deus. E depois de assim ter falado, acrescentou: “Segue-me!” (Jo 21, 1-19)

São Pedro, rogai por nós, para que sejamos dignos das promessas de Cristo!

sábado, 28 de setembro de 2019

Mulheres, brilhem sua luz diante dos homens!


Nosso Senhor Jesus Cristo revelou que Ele é a “Luz do mundo” e todo aquele que crer n’Ele “não ficará nas trevas” (Jo 12, 46). Ele explica que quem O segue, terá a “luz da vida” (Jo 8, 12). Somente após um encontro com Cristo, com a Luz do mundo, é possível para nós, seus discípulos, que carregamos o nome de cristãos, sermos também como o Mestre a “luz do mundo” (Mt 5, 14) e fazer com que brilhe nossa luz “dian­te dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus" (Mt 5, 16). Em outras palavras, o salmista entoa que em Deus “está a fonte da vida, e é na Vossa luz que vemos a luz” (Sl 36, 9).
         A linguagem bíblica, às vezes, parece não nos comunicar nada com seus termos abstratos, mas a deficiência está em nós. A gente lê, ouve e, quando acha que entende algo, em poucas ocasiões praticamos. A grande contradição hoje é: o Evangelho é a Boa Notícia, mas quando é dita aos outros, no auge da “sociedade da informação”, a reação mais comum é a indiferença. A indiferença de Belém: “não havia lugar para eles na hospedaria” (Lc 2, 7). A indiferença dos judeus: “os seus não O receberam” (Jo 1, 11). A indiferença geral: “os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque suas obras eram más” (Jo 3, 19).
         É como se estivéssemos pregando para as paredes. Talvez pese sobre nós, a geração do smartphone, a dura correção do Senhor: “Tocamos a flauta e não dançais, cantamos uma lamenta­ção e não chorais” (Mt 11, 17). Apesar disso, as mulheres cristãs [1], nessa sociedade depravada e maliciosa em que estamos (Fl 2, 15), são chamadas por Deus a dar um testemunho de que os seus corpos são “templos do Espírito Santo” (confira I Coríntios 6, 18-19). Esse testemunho acontece, em primeiro lugar, com as roupas que elas usam dia a dia. São Leão Magno é muito atual quando exorta: “reconhece, ó cristão, a tua dignidade. Uma vez constituído participante da natureza divina, não penses em voltar às antigas misérias com um comportamento indigno da tua geração. Lembra-te de que cabeça e de que corpo és membro. Não esqueças que foste libertado do poder das trevas e transferido para a luz do reino de Deus”.
         E, agora, eu lhes pergunto: como vocês poderão cumprir essa altíssima vocação [2] usando roupas curtas (shorts, microshorts, nanoshorts, minissais, nanossaias, tops etc.), colantes (calças leggins, skinny, slim, “jeans pele” etc.)? Vestimentas que em uma palavra são provocantes. Provocando os homens a pecar por meio do desejo de seus corpos (Mt 5, 28)? Um pecado grave é suficiente para condenar uma alma imortal ao Inferno. Por quanto tempo? Para sempre. Para sempre. Para sempre. 
         Nossa Senhora em Fátima disse que os pecados da carne são os que mais levam as almas para o Inferno e Santa Jacinta profetizou em 1917, com nove anos de idade, que “virão modas que ofenderão muito a Nosso Senhor”. Imagine uma moça cristã, batizada, crismada, lavada no Sangue de Cristo, vestindo um short curto e achando um máximo receber uma cantada de rua? Um assovio? “Gostosa”? “Ô lá em casa”? “Areia demais para meu caminhãozinho”? E coisas do gênero. Pobres mães, que ensinam desde cedo, as suas filhas a se vestirem mal. Pobres filhas de Eva, perdoadas do pecado original, preferem viver sob a maldição de sua antiga mãe (Gn 3, 16).
         Certa mãe me disse que preferia ver a filha com roupas curtas a saber que na escola sua filha seria tachada de velha por usar roupas decentes. Como se modéstia fosse se vestir como uma senhora de 90 anos. Modéstia não exclui beleza (isso é discussão para outro artigo). A mãe, que se imagina muito religiosa e cheia de fé, preferia ver a filha como uma corrente, arrastando outros homens à impureza e, portanto, ao Inferno, a fazer dela um farol luminoso que aponta para o alto. Pobre mãe que não entende que esse "bullying" na escola seria bendito, seria uma oportunidade maravilhosa de amar Jesus, pois sua filha e ela seriam perseguidas por causa d’Ele (Mt 5, 11). Seria motivo de júbilo, de alegria, de festa (Mt 5, 12). Pobre mãe que entrega sua cria nos braços de Satanás. Pobre mãe que alarga a estrada da perdição para sua criança. Pobre mãe que não faz o papel de mãe, e sim, de um demônio!
         Mulheres, saibam que todos precisamos renunciar a nós mesmos (Lc 9, 23)! Todos, que são cristãos, precisamos crucificar “a carne, as paixões e as concupiscências” (Gl 5, 24), ou seja, o mundo (Gl 6, 14). Não podemos nos conformar com o mundo (Rm 12, 2)! Não podemos ter a mesma medida do mundo! Não podemos ceder à tentação de “sermos iguais” ao mundo! Nós estamos no mundo e não somos do mundo (Jo 17, 16)! Diz Nosso Senhor a você e a mim: Se o mundo vos odeia, sabei que me odiou a mim antes que a vós. Se fôsseis do mundo, o mundo vos amaria como sendo seus. Como, porém, não sois do mundo, mas do mundo vos escolhi, por isso o mundo vos odeia” (Jo 15, 18-19). "No mundo haveis de ter aflições. Coragem! Eu venci o mundo!” (Jo 16, 33).
         Mulheres, reconheçam a sua dignidade! Mulheres, não exponham seus corpos como em açougues! Mulheres, não se deixem usar pelos homens! Mulheres, vençam a si mesmas com o auxílio da graça! Mulheres, sejam firmes e corajosas! Mulheres, brilhem sua luz diante dos homens [3]! 
         Sem esse passo, minha irmã, não será possível crescer na vida espiritual até atingir a “estatura de maturidade de Cristo” (Ef 4, 13), não será possível “emagrecer” para passar pela porta estreita (Lc 13, 24), não será possível ser filha da luz (Jo 12, 36; 1Ts 5, 5) e, em última análise, receber a salvação, se não houver arrependimento.
         Porém, se você se decidir de forma concreta, renunciando a essas roupas provocantes, então se tornará filha de Maria por uma obra real (Jo 19, 27), imitará a Mulher revestida de sol (Ap 12, 1), a Mulher com vestes da luz, da glória e da salvação, e fará parte do “resto de sua descendência, aos que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus” (Ap 12, 17).
         Como sua Mãe do Céu, você, minha irmã, brilhará como “as estrelas, com um perpétuo resplendor” (Dn 12, 3). Deus coloca “diante de ti, a vida e a morte, a bênção e a maldição. Escolhe, pois, a vida, para que vivas com a tua posteridade” (Dt 30, 19). O que você escolhe? O que você decide? O que você vai fazer?

Referências:
[1] Esse artigo foi endereçado às mulheres em razão de algumas peculiaridades do sexo, mas serviria, guardadas as proporções, para os homens cristãos, que têm caído clamorosamente em matéria de pudor.
[2] Recomendo a leitura da Carta Apostólica Mulieris Dignitatem de São João Paulo II (clique aqui).
[3] "O lugar da modéstia" é um outro jeito de dizer a mesma coisa (clique aqui).