domingo, 11 de junho de 2017

Não seja réu do Corpo de Cristo!



“O que come e bebe indignamente, come e bebe para si a condenação, não fazendo discernimento do corpo do Senhor” (1 Cor 11, 29)

Sumário. Antes de te aproximares da Mesa eucarística, examina sempre a tua consciência, e se por desgraça tiveres remorso de alguma falta grave, purifica a tua alma pela confissão sacramental. Quanto às culpas veniais, esforça-te por tirá-las de tua alma, ao menos as que forem deliberadas, e afasta de ti tudo que não seja [de] Deus. Ai daquele que comunga indignamente! Torna-se réu do Corpo e do Sangue de Jesus Cristo, e, portanto, come-o e bebe-o para a sua própria condenação.

I. Consideremos o enorme pecado que comete aquele que se atreve a chegar-se à sagrada Mesa com pecado mortal na alma. Este pecado é tão enorme que São João Crisóstomo, comparando-lhe todos os demais, não acha outro igual e diz que quem o comete, especialmente, sendo sacerdote, é muito pior do que o próprio demônio. São Pedro Damião explica a razão dizendo: “Se com os outros pecados ofendemos a Deus nas criaturas, com este ofendemo-Lo em sua própria pessoa”.

Que dirias do perverso que tirando a sacrossanta Hóstia da âmbula sagrada, a atirasse ao vil monturo (lixão)? Pior do que isso, diz São Vicente Ferrer, faz aquele que tem a ousadia de comungar sacrilegamente; porque, de certo modo, atenta contra o Corpo de Jesus Cristo, obriga esta vítima inocente a morar em seu coração cheio de corrupção, entrega o Cordeiro imaculado nas mãos dos demônios que o insultam da mais horrenda maneira.

Pelo que Santo Agostinho compara os sacrílegos aos pérfidos judeus, que crucificaram o nosso Redentor. Com esta diferença, porém: que os judeus crucificaram o Senhor da glória enquanto era terrestre e mortal, e os sacrílegos crucificam-no agora que reina no céu; aqueles só uma vez atreveram-se a crucificá-lo, este renovam o DEICÍDIO (homicídio de Deus) frequentes vezes; aqueles se tinham declarado inimigos figadais de Cristo, este traem-no ao mesmo tempo que, pelo menos exteriormente o reconhecem por seu Deus, simulando reverência e devoção, e imitando Judas, abusam do sinal da paz. “Com um beijo entregas o Filho do Homem” (Lc 22, 48).

É disso que se queixa sobretudo, pela boca de Davi: “se um inimigo, parece dizer Jesus Cristo, me tivesse ultrajado, eu o suportaria com menos pena; mas tu, meu íntimo, meu ministro e príncipe entre o povo; tu, a quem dei tantas vezes a minha carne para sustento; tu me vendes ao demônio por um capricho, por uma vil satisfação, por um punhado de terra?

II. Mas ai do sacrílego! Ai de quem tem a ousadia de tornar-se réu do Corpo e Sangue de Jesus Cristo, chegando-se indignamente à mesa sagrada! Falando o Senhor com Santa Brígida a respeito daqueles infelizes, repetiu-lhes as palavras proferidas em relação ao pérfido Judas: “seria melhor para eles, se nunca houvessem nascido”. Sim, porque como diz S. Paulo: “quem come este pão e bebe este cálice do Senhor indignamente, come-o e bebe-o para sua própria condenação.

Meu irmão, a fim de que não te suceda tamanha desgraça, segue o aviso do mesmo Apóstolo: Examina a tua conduta e, se a consciência te acusar de alguma grave culpa, purifica-a por meio de uma boa confissão sacramental antes de tomar o alimento da vida eterna.

Quanto às culpas veniais, deves tirar da alma ao menos as cometidas deliberadamente e expulsar do coração tudo que não é [de] Deus. É o que na interpretação de São Bernardo significam as palavras que Jesus Cristo disse aos apóstolos antes de lhes dar a comunhão na última ceia. “Aquele que está lavado, não tem necessidade de lavar senão os pés”.

Meu dulcíssimo Jesus, oh!, pudesse eu lavar com minhas lágrimas e até com meu sangue as almas infelizes em que o vosso amor é tão ultrajado no santíssimo sacramento! Oh, pudesse fazer com que todos os homens se abrasem em vosso amor! Mas, se isto não me é concedido, desejo, ao menos, Senhor, e proponho visitar-vos muitas vezes e receber-vos em meu coração, para vos adorar, como de presente o faço, em reparação dos desprezos que recebeis dos homens neste divínissimo mistério. Ó Pai eterno, acolhei esta fraca homenagem que hoje vos rende o mais miserável dos homens, em reparação das injúrias feitas a vosso Divino Filho sacramentado; acolhei-a unida com a honra infinita que Jesus Cristo vos deu sobre a cruz e vos dá ainda todos os dias no santíssimo sacramento. E vós, minha Mãe Maria, obtende-me a santa perseverança.

Fonte: Meditações de Santo Afonso Maria de Ligório (bispo e doutor da Igreja), Tomo II, n. 4.


2 comentários:

  1. Parabéns à equipe do Raio Catolizador pelo excelente trabalho.
    Lendo essa matéria não posso deixar de comentar minha enorme tristeza por já ter cometido esse erro.
    Por vários anos, sem saber, participei da comunhão estando em pecado mortal, pois nunca soube, nunca fui instruído sobre a verdade sobre a Santa Eucaristia, nem por pais, nem pelos meus catequistas, e comungava de qualquer forma sem saber realmente o que minhas ações representavam.
    Peço agora ajuda a equipe do Raio Catolizador; já estaria eu condenado ou há algo que eu possa fazer para "reparar" o meu erro.
    Peço também que orem por mim e peçam à Deus que tenha misericórdia dessa pobre alma.
    Aguardo uma resposta ...

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    1. Olá, meu irmão. Agradecemos muito pelo seu comentário. Pedimos desculpas pela demora em respondê-lo. Condenado? Não seja tão escrupuloso... Como diz S. Paulo, o grande apóstolo, Deus não leva em conta os pecados cometidos no tempo da ignorância (At 17, 30). Sim, sempre é possível repararmos as ofensas! Se nos permite, sugerimos três coisas:
      - A devoção das nove primeiras sextas-feiras em honra ao Sagrado Coração de Jesus.
      - A devoção dos cinco primeiro sábados em honra ao Imaculado Coração de Maria.
      - E o apostolado para ajudar nossos irmãos católicos a abandonarem as comunhões sacrílegas. Para tanto, encaminhamos você para outra missão: https://5pedrinhas.blogspot.com

      Forte abraço,
      Deus o abençoe!

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