quarta-feira, 14 de junho de 2017

São Pedro e São Paulo refutam o protestantismo



No dia 29 de junho, a Igreja celebra a Solenidade de São Pedro e São Paulo. Ambos são comemorados juntos, porque dentre outras razões, compõem os dois pilares sólidos sobre o qual a doutrina católica fora construída.

São Pedro, tido não só como o primeiro Papa, mas também Apóstolo por excelência entre os judeus. Enquanto São Paulo, Apóstolo entre os gentios (pagãos). O Concílio de Jerusalém, o primeiro concílio da Igreja, está descrito nos Atos dos Apóstolos e evidencia uma das muitas dificuldades teológicas que viriam a seguir sobre a obrigatoriedade ou não da circuncisão para os gentios (At 15, 2ss).

O protestantismo construiu suas múltiplas doutrinas na areia, mas dois erros principais saltam aos olhos. O primeiro erro é o “sola scriptura”, de que basta a Bíblia e todo o resto não tem valor algum. A própria necessidade de se convocar um concílio deveria ser suficiente para debelar esse engodo.

Se a Bíblia, segundo os protestantes, devia ser a “única fonte” e nela está “toda” a Palavra de Deus, por que os apóstolos não sabiam a resposta imediata para tal questão se escutaram o ensinamento diretamente de Nosso Senhor e tinham conhecimento das Escrituras como bons judeus que eram? Ir contra a circuncisão, conforme uma corrente, era se opor a uma regra que estava prevista para o povo judeu.

Até São Paulo, “verdadeiro hebreu; quanto à lei, fariseu; quanto ao zelo, perseguidor da Igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível” (Fl 3, 5-6), não procurou a resposta sozinho nessa matéria, mas a submeteu ao juízo de um conselho dos outros apóstolos e anciãos.

O Antigo Testamento tinha uma chave de leitura que foi entendida pelos apóstolos. Qual era? Nosso Senhor a mostrou para os discípulos de Emaús (Lc 24, 27). A chave de leitura era Ele próprio. Ou nas belas palavras de São Paulo que compactam 46 livros numa sentença: "Tudo isto não é mais que sombra do que devia vir. A realidade é Cristo." (Cl 2, 17) Quem lê o AT, sem os olhos no NT, sendo já cristão, não aproveita a riqueza que a meditação dessa forma tem a oferecer.

É claro que a decisão conciliar foi só a “ponta do iceberg” daquilo que Nosso Senhor avisara aos seus discípulos: “o Espírito da Verdade irá ensinar-vos toda a verdade" (Jo 16, 18). Em outras palavras, a doutrina da Igreja católica não estava formada, consolidada e, mesmo após o Novo Testamento pronto, continuou a ser aperfeiçoada, aplicada em novas questões.

Temos outro exemplo que desmente o “sola scriptura”. Em 2Tm 3, 8, S. Paulo se utiliza da tradição judaica ao falar que Janes e Jambres resistiram a Moisés e isso não está na Bíblia (registrado formalmente). S. Paulo se refere a um caso que está na tradição de seu povo e não na Escritura Sagrada, nem por isso "não tem valor algum".

Além do mais, S. Paulo exorta aos tessalonicenses (2Ts 2, 15) que conservem os ensinamentos que aprenderam dos apóstolos, seja por PALAVRAS (via oral), seja por carta (via escrita). Em outras palavras, o óbvio ululante: a via escrita nunca foi o critério exclusivo, até porque não há uma passagem sequer que comprove isso, tanto no AT quanto no NT. Se alguém perguntar a um protestante qual é a coluna e sustentáculo da verdade, o que ele dirá? Bíblia. Resposta errada. É a "Igreja do Deus vivo" (1Tm 3, 15).

Portanto, foi essa Igreja do Deus vivo que nos deu a Bíblia tal qual a conhecemos (clique aqui para aprofundar). Para quem conhece um pouquinho do contexto histórico, a Bíblia é um conjunto de tradições orais que foram compiladas com o tempo. Logo, primeiro foram vividas, contadas de uma geração para outra e depois escritas. É claro que os protestantes usam o “sola scriptura” para negar mais de dez séculos de história da Igreja alegando que "a Igreja se corrompeu com Constantino ('paganizou')", "nós estamos certos"; "seguimos a Bíblia como deve ser"; "somos o cristianismo autêntico" etc.

Se São João reconhece que seu Evangelho foi um resumo, já que não poderia contar tudo que sabia acerca de Jesus (Jo 20, 30-31; 21,25), quanto mais os ensinamentos dos apóstolos (At 2, 42) que, apesar de não terem sido totalmente incorporados à Bíblia, continuaram influenciando os discípulos como a seiva que irriga uma árvore. A isso damos o nome de Tradição que é uma das fontes da doutrina católica. Sem falar no exercício do Magistério como se verificou no Concílio de Jerusalém.

Lembre-se que: o catolicismo não é a “religião do livro” (n. 108, Catecismo da Igreja Católica). Seu tripé é: Bíblia, Tradição e Magistério. A Igreja é Cristo continuado na história (At 9, 4), ou seja, é seu Corpo (1Cor 12, 27). O Espírito Santo continua não só recordando a Verdade (Jo 14, 26), como A ensinando durante dois mil anos (Jo 16, 13).

Mas ainda falta debelar o segundo erro.  Trata-se do “livre exame” que afirma que qualquer pessoa que ler a Bíblia será inspirada por Deus e interpretará certo. São Pedro nos mostra o caminho:

“Pois deveis saber, antes de tudo, que nenhuma profecia da Escritura é objeto de explicação pessoal, visto que jamais uma profecia foi proferida por vontade humana. Ao contrário, foi sob o impulso do Espírito Santo que pessoas humanas falaram da parte de Deus”. (2Pd 1,20-21)

Portanto, os textos da Bíblia devem ser interpretados em sintonia com a Igreja. Para isso, é preciso estar em comunhão com a Tradição (ensinamento deixado pelos Apóstolos e que não foi escrito: At 2, 42) e o Magistério de dois mil anos (ensinamento do Papa junto com os bispos no mundo inteiro). Qualquer coisa fora disso é pessoal.

É incrível como os dois pilares da Igreja Católica refutam os dois principais erros do protestantismo que tanto mal fizeram e fazem ao nosso tempo tão conturbado. Encerro, por fim, com uma máxima de Santo Agostinho dita no século IV que sintetiza todo esse artigo: “eu não creria no Evangelho se a isto não me levasse a autoridade da Igreja Católica”.


São Pedro e São Paulo, rogai por nós!

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