segunda-feira, 12 de junho de 2017

Carta aberta aos professores sobre ideologia de gênero


Aviso aos navegantes: é um texto extenso, embora escrito em linguagem acessível! Se não estiver com tempo, é melhor ler outra hora. Não recomendaria que o ignorasse. No entanto, tudo que nos resta é decidir o que faremos com o tempo que nos foi dado nesse mundo!

Existe um ponto importante que está sendo ignorado nessa discussão, sobretudo por quem é contra a ideologia de gênero. E é peça fundamental: os próprios professores. Nas vezes em que tive a oportunidade de presenciar as discussões em âmbito municipal, eu percebi certa reserva e desconfiança por parte de secretários da educação e alguns professores como se ao tentar retirar as “expressões coringas” dos planos municipais e estaduais quiséssemos expô-los ao ridículo ou mostrar que não estavam fazendo até agora seu trabalho corretamente.

Não é nenhuma das duas coisas. Quando nos levantamos contra a teoria de gênero, não queremos criar um ambiente entre “nós” (a família) e “eles” (os professores colocados contra a parede como se fossem vilões). Nós sabemos muito bem que não é esse o quadro real, tampouco é possível construir uma educação autêntica sem a participação dos dois lados.  A ideologia foi introduzida no país de cima para baixo por uma minúscula cúpula que não representa de modo algum a maioria dos professores. (MEC e CNE sob a direção do Partido dos Trabalhadores em 2014).

Aproveito a ocasião para pedir desculpas públicas se em algum momento um manifestante tenha se alterado e pensado equivocadamente que a “culpa” era do professor do Município ou do Estado que, como sabemos, já é tão vilipendiado em nossa sociedade. Talvez esse excesso e até “irracionalismo” tenha ocorrido pelo desejo de proteger um bem inestimável (nossas crianças) e a incompreensão de modo fazê-lo, o que descamba em grosserias e ofensas mútuas, ambas condenáveis.

 Eu sei que talvez e, com alguma razão, os professores vejam essas manifestações contrárias como hipócritas, ao passo que se os pais não se importam com a vida do filho no cotidiano da escola, por que aparecem depois como “paladinos da moral” numa “questão até ingênua”? A coisa posta assim é incompleta e falsa. Vou demonstrar o porquê.

Em primeiro lugar, é importante ter em mente o seguinte: o número de pessoas que defendem a ideologia de gênero é reduzidíssimo. E mais: entre aqueles que a defendem, poucos a conhecem a fundo e entendem a extensão da coisa. Tem apenas uma visão superficial criada justamente para seduzir e conduzir à sua aplicação. É o marketing que os ideólogos fazem para ela ser vendida mais facilmente. Não expõem às raízes de quem a teorizou, porque sabem que seria rejeitada de plano. Ao final, exporei as balizas teóricas e filosóficas da ideologia e se, após conhecê-las, o professor disser “é realmente isso que nos falta”, estará no exercício da sua liberdade de pensamento.

Preciso antes de cumprir o que prometi, abordar outro aspecto nesse contexto tão complexo. Quando, depois de passada a fase de audiências públicas nas secretarias, o debate migra para a Câmara Municipal ou Assembleia Legislativa e os membros pró-vida pressionam os parlamentares para negarem a ideologia, não se quer dizer que estes são as pessoas mais indicadas para tratar sobre a educação. Até porque, infelizmente, em não raros casos lhes faltam até um mínimo de educação formal e estão no rol de analfabetos funcionais.

A pressão ocorre, porque, segundo as regras do jogo, são eles os representantes do povo. Eles precisam representar os eleitores que os elegeram. Precisam ser um espelho das posições das suas zonas eleitorais. E, como somos a maioria, queremos reafirmar nossos valores e somos protegidos pelo Direito, nacional (Constituição e demais leis) e internacional (tratados) para tanto que colocam o dever da família como prioritário e intransferível para educar moral e sexualmente nossos filhos. Nesse sentido, se os pais se opõem, a ideologia não pode virar política pública de ensino. É relativamente simples nesse quesito.

Mas eu volto: a política é a arena adequada para essas discussões. É possível que os professores vejam isso com desprezo. Quem é o vereador ou deputado tal para dizer isso ou aquilo sobre educação? Essa preocupação é legítima e compreensível, mas, no contexto, é pontual e pequena (não pedimos a reformulação integral dos planos, só um ponto específico que parece insignificante, contudo quando visto com um olhar apurado é assustador e exige uma ofensiva direta).

 Quem está mais habilitado para dizer o que deve ser feito? Esse é um tema antigo no Direito entre democracia e técnica. O parlamentar ou o estudioso? Num regime democrático, é o parlamentar, quer se goste, quer não; quer se faça bico, quer não, a menos que abramos mão da democracia. O papel do estudioso é dar as razões (na visão dele, as melhores razões) e persuadir os parlamentares. Nem sempre a melhor razão vence, até porque a democracia não está fundada num critério de veracidade (qualitativo), e sim, de legitimação pelo número (quantitativo).

Com esse horizonte mais ampliado, é necessário reafirmar: a luta contra a ideologia de gênero, ainda que não pareça num primeiro momento e gere estranheza, é por uma educação de qualidade e efetiva (objetivos que nenhum dos dois lados, pais e professores, discordariam). Finalmente, depois de ocupar o precioso tempo de vocês entre turnos ininterruptos de aulas, prossigo.

O quê é isto a “ideologia de gênero”?

Em primeiro lugar, a coisa que precisa ser esclarecida de plano é: ser contra a ideologia de gênero não significa ser a favor de qualquer tipo de preconceito ou a favor de qualquer tipo de discriminação, ou, mais especificamente, como alegam alguns a favor da homofobia/transfobia/lesbofobia/lgbtfobia ou o que quer mais que venha “em anexo”.  Eliminar esse raciocínio dual e simplista de que se é contra algo, logo faz você ser a favor em bloco de uma série de atitudes ruins e condenáveis, seja no plano jurídico, seja no plano moral, é importante numa discussão tão acirrada e acalorada.

Nossos adversários na política (movimentos feministas, LGBTs, PSOL, PT e cia.) pensam que somos a “encarnação do mal” por nos opormos a uma ideologia que foi espalhada desde cima no movimento deles sem que se dessem conta – a maioria – e a maioria, no espírito de manada, passou a defendê-la sem grande consciência dos reflexos que possui.

Mas, afinal, vamos à “possível” definição conceitual: o que seria a ideologia de gênero? E por que devemos nos opor a ela? Por que ela não deve ser ensinada às nossas crianças? Quais são os riscos de colocá-la no ordenamento jurídico? E por que não deveria ser absorvida por ele?

Quem pela primeira vez defendeu que a diferença entre mulher e homem residia mais na educação do que no sexo foi o psicólogo neozelandês John Money. Ao passo que foi o psicanalista Robert Stoller na década de 60 quem atribuiu um sentido diferente à palavra gênero do que fazemos normalmente. No dicionário convencional, gênero é tratado como sinônimo de sexo, mas, aproximadamente, desde essa época o uso da palavra mudou, ganhando uma finalidade instrumental e ideológica.

1) O quê é gênero?

Nem os defensores chegam a um acordo muito claro e preciso, mas a maioria parte de uma premissa: o sexo, masculino ou feminino, com que se nasce é um fator irrelevante. Não se nega o sexo, mas o coloca como um dado pré-humano, animal, insignificante, que não repercute em nenhuma outra esfera da vida. O que importa, dizem eles é o “gênero”, que seria a construção social que a “pessoa” faz da sua identidade que não mantém qualquer relação com seu sexo.

Logo, é um conceito “construtivo”. Para os ideólogos, a genética e a biologia nada podem dizer sobre o gênero. Logo, não se nasce “menino”, nem “menina”, é tudo uma imposição cultural e opressora do gênero heterossexual que dominou todos os espaços e se camuflou ao longo dos séculos com uma máscara de pertença à natureza, de ser o “natural”, e assim, passou “despercebido”.

2) Quais são “os tipos de gênero existentes”?

Segundo a socióloga francesa Marie-Hélène Bourcier no livro “Queer Zones”, os gêneros são inúmeros. Já para a filósofa italiana Maria Michela Marzano, os gêneros são uma “infinidade de escolhas possíveis” que são tantos quantos forem as pessoas dispostas a construí-los conforme sua vontade.

3) Existem os gêneros mais “repetíveis”?

Sim, são eles: o heterossexual, o homossexual, o lésbico, o transexual, operado ou não, o bissexual, o indiferenciado etc. Namastè em “The Politics inside/out” vai defender que existe o trans-gênero, grupos que vivem fora das categorias tradicionais de gênero, são elas: travestis, drag queens, passing women, hermafroditas, stone butches e diversos “fora da lei do sexo que desafiam as taxonomias reguladoras”.

Em vídeo de divulgação da ideologia, o YouTube lançou uma campanha com o nome de “Orgulho de Ser” que traz novos nomes: agênero, não binário, omnissexual, polissexual, pansexual etc.

É como acabei de dizer: os gêneros são inúmeros ou uma infinidade de escolhas possíveis, embora também seja tratado com um “conceito guarda-chuva”. Uns contabilizam cinquenta, outros mais de cem.

4) O que propõe efetivamente a ideologia de gênero?

É uma pergunta difícil, mas, em breves palavras, pretende fazer uma revolução total na compreensão da política, da economia, do direito, da moral etc. Todos os setores da vida humana seriam relidos, melhor, desconstruídos a partir de todas as nuances “identitárias” do gênero e do trans-gênero que acabei de expor. Quem diz isso é Judith Butler, uma das principais teóricas, no livro “Problemas de Gênero” com tradução no português. E em alguma medida é o que defende a feminista Shulamith Firestorne em “A dialética do sexo” (que defende inclusive a pedofilia e o incesto como novas formas de expressão sexual para “quebrar tabus”).

Numa analogia simples: querem desmoronar uma casa para que dos escombros surja algo novo que não fazem ideia do que será e depositam a fé que será algo melhor do que temos no presente. O que virá num futuro idealizado, será melhor. É esse o segundo ato de fé que fazem. O primeiro é que o sexo não interfere em nada. Mas vamos por partes.

5) Como os defensores da ideologia de gênero a vendem para os professores? Qual a imagem eles criam para que ela seja comprada?

O primeiro passo é dizer que se trata de combater a discriminação, o preconceito e todas as fobias que elencamos acima. Dizem eles: se a ideologia for ensinada às crianças, elas serão mais tolerantes, menos preconceituosas, logo, serão pessoas melhores como nós, os defensores, o somos. Qual pai ao ouvir isso ou professor se oporia? Quem não quer que seu filho seja melhor? Mais tolerante? Ainda mais num mundo tão cruel como o atentado ISLÂMICO em Orlando comprova (embora coloquem os cristãos na defesa dos seus valores como um “Estado islâmico em potencial”). Mas as coisas não são tão simples como parecem ser. O buraco é mais fundo.

6) O gênero no âmbito internacional: dificuldades dialogais.

É possível datar que os movimentos pró-gênero (feministas, LGBTs etc.) desde a década de 90 vêm tentando implantar sistematicamente a ideologia com algum sucesso no plano internacional. Com algum sucesso, porque ludibriaram os representantes dos países ao mudarem a palavra “sexo” por “gênero” sem definir o significado e a extensão do conceito, aprovaram pensando se tratar de sinônimos.

No livro “Agenda de Gênero”, Dale O’Leary explica como a estratégia se deu de maneira sorrateira, pegando a todos de surpresa. Aqui entra outro modo da ideologia ser vendida aos leigos: a defesa da “igualdade de gênero” na luta a favor das mulheres. A “igualdade de gênero”, se bem aplicada e vivida, faria com que o machismo ruísse e as mulheres se emancipassem definitivamente. Alcançassem a sua “libertação”. Foi na Convenção de Pequim em 1995 que a palavra gênero apareceu oficialmente pela primeira vez.

Podemos resumir os dois fronts que a ideologia assumiu para si: contra a discriminação por orientação sexual (a favor dos direitos LGBTs) e contra o machismo (a favor das mulheres). Essa é a propaganda. E, ao mesmo tempo, a ideologia traz essas duas promessas básicas: se aplicada, os LGBTS serão respeitados e as mulheres “liberadas”. É assim que ela opera como um navio fura-gelo e amplia seu alcance para além do debate acadêmico nas ciências sociais que lhe deram expressão e engajamento.

7) O que dizem as ciências naturais, as hard sciences?

Aqui temos o principal choque: os estudos mais modernos e avançados demonstram que o sexo, isto é, a biologia e a genética possuem um papel relevante nas nossas escolhas como pessoas. Ninguém está a negar que a cultura tenha uma contribuição e ingerência, mas cientificamente não é possível negar como os ideólogos fazem, aqui está o primeiro ato de fé e ato fundacional, de que o sexo biológico não tem consequência psíquica alguma sobre o ser humano.

Um livro que traz esses estudos de modo mais simplificado e acessível ao grande público é: “Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor?” Ali os autores expõem uma série de pesquisas de renomados cientistas sobre o cérebro humano e os efeitos dos hormônios sobre o comportamento que escapam ao elemento cultural. E mais: como o sexo influi no que é apontado como pura construção e imposição culturais de um gender dominante, no caso, o heterossexual.

Em outras palavras, não é só o conceito de gender que é nebuloso, indefinido e indefinível para os próprios teóricos, também a sua verificação empírica é questionável pelos modernos estudos. Para ser mais claro: não é possível ensinar uma ideologia (com a pretensão que tem de uma revolução total em todos os campos a partir do domínio da linguagem como afirma Judith Butler expressamente no seu livro citado. Nem Karl Marx foi tão ambicioso!) que é dúctil e lhe falta uma rigorosa análise científica, aliás, a ciência indica o caminho de que a ideologia é furada! Esse é o problema sinalizado por Russell Kirk em “A política da prudência” de que toda ideologia padece em relação à realidade: é míope, sectária e limitada, embora sempre traga um projeto de alterar o mundo (aspecto prescritivo).

8) A ideologia na prática: a tragédia de uma família inteira.

Esta história começa na famosa universidade Johns Hopkins, na cidade de Baltimore, Estados Unidos. É aí que o médico neozelandês John Money e sua equipe se destacam por sua pesquisa nas áreas de sexologia e por cunhar, em seus trabalhos, termos como "papel de gênero" e "identidade de gênero". A sua teoria é a de que o sexo das pessoas, ao invés de ser dado pela nature["natureza"], é uma questão de nurture ["educação"]. Assim, uma criança em tenra idade, mesmo com o aparelho genital de um sexo, poderia ser criada e educada como sendo de outro sexo. A biologia seria subvertida pela psicologia, ou, dito em outros termos, o projeto do Criador poderia ser arbitrariamente transformado pelo homem.

Até 1967, as ideias de John Money já eram mundialmente famosas, mas permaneciam no papel. É quando a família Reimer decide recorrer ao renomado médico: um de seus filhos gêmeos, Bruce, teve seu órgão genital cauterizado durante uma circuncisão, e a sua mãe, Janet Reimer – interessada após assistir a um programa de televisão sobre a teoria do dr. Money – decide confiar ao médico o problema de seu filho.

Nas mãos de Money, Bruce, com apenas 22 meses de vida, sofre uma intervenção cirúrgica e passa a chamar-se Brenda. Recebendo acompanhamento constante do doutor, a família Reimer era a cobaia de que Money precisava para provar de vez sua teoria. De fato, o médico neozelandês escreve vários estudos usando o caso Brenda como "prova dramática" de que sua "teoria da neutralidade" estava correta: se era possível educar um menino como menina, homens e mulheres não eram mais dados biológicos, mas meras "aprendizagens sociais".

No entanto, à medida que Brenda cresce, sua mãe nota algo de muito errado. "Eu via que Brenda não era feliz como garota, não obstante o que eu tentasse fazer por ela ou como eu tentasse educá-la, ela era muito rebelde, era muito masculina e eu não conseguia convencê-la a fazer nada que fosse feminino", conta Janet Reimer, em um documentário produzido pela BBC. "Brenda não tinha quase nenhum, nenhum amigo enquanto crescia. Todo mundo realmente a matava, chamavam-na de 'mulher da caverna'. Ela era uma garota muito só" [http://www.bbc.co.uk/science/horizon/2000/boyturnedgirl.shtml].

Aos catorze anos, já longe dos olhos de Money e cada vez mais isolada socialmente, Brenda descobre, de sua mãe, que nascera como homem e tinha sido criada como mulher à força. A partir de então, ela muda seu nome para David e tenta, apesar de tantos percalços, levar uma vida comum, como homem. No entanto, a morte de seu irmão por uma overdose de antidepressivos, em 2002, aliada a um casamento conturbado, culmina em uma tragédia: no dia 4 de maio de 2004, David deixa a casa de seus pais pela última vez, vai a uma mercearia e comete suicídio.

Antes desse fim dramático, David Reimer expôs o seu caso à mídia, a fim de tornar públicas a perversidade das ideias de Money e a farsa de sua "teoria de gênero". "Era-me dito que eu era uma garota, mas eu não gostava de me vestir como uma garota, eu não gostava de me comportar como uma garota, eu não gostava de agir como uma garota", confessa David[https://www.youtube.com/watch?v=msLLrechWyQ]. "Eu não sou um professor de nada, mas você não acorda uma manhã decidindo se é menino ou menina, você apenas sabe".

"Não se acorda de manhã decidindo se se é menino ou menina": essa lição foi aprendida a um alto custo pela família Reimer. É esse o mesmo custo que as famílias brasileiras querem pagar, aceitando que a ideologia de gênero seja implantada em nossas escolas?

Quando se combate a inserção do termo "gênero" no ordenamento jurídico brasileiro, não se está a afirmar uma posição "discriminatória" ou "preconceituosa", como insinuam alguns grupos. Ao contrário, o que se pretende é que o Brasil seja livre de uma teoria comprovadamente mentirosa e ideológica. Ou queremos, por acaso, copiar os experimentos ridículos de Money e repetir o drama da família Reimer no seio de nossas famílias?

"Você vai sempre encontrar pessoas que vão dizer: bem, o caso do Dave Reimer podia ter tido sucesso. Eu sou a prova viva, e se você não vai tomar minha palavra como testemunho, por eu ter passado por isso, quem mais você vai ouvir?" [idem 2]. Que a alma de David Reimer descanse em paz. E que a sua conturbada vida lembre às pessoas o quanto é terrível subverter o plano do próprio Criador inscrito na natureza humana.

9) A ideologia de gênero é paradoxal na teoria e na prática.

Na teoria, porque, ao mesmo tempo, em que advoga e promete mais autonomia para o sujeito se definir, construir sua identidade, traz “em anexo”, em seu bojo, várias propostas prontas sobre como encarar a sexualidade, o que pensar em relação à “família”, o “dever” de ser favorável à legalização do aborto, como desconfiar do “casamento monogâmico”, a defesa das uniões gays etc.

Na prática, como demonstra o documentário “O paradoxo da igualdade” na Noruega, onde mais foi implantada, inclusive num exemplo esdrúxulo de que as crianças usassem uniforme laranja para não se identificarem como meninos – roupa azul – e meninas – roupa rosa, mais agravou o quadro de disparidade nas profissões ditas “masculinas” e “femininas”. Foi um tiro no pé! Sem contar as outras evidências científicas que o documentarista expõe e deixa os ideólogos de “boca aberta” literalmente.

10) A ideologia virada matéria de ensino obrigatória por meio da lei, é salutar que assim seja?

A resposta é não. Não vou entrar tanto em outro problema sério em qual o papel da escola que, como acredito e a maioria também, não é se tornar um centro de difusão de ideologias totalitárias (sim, em alguma medida, é aonde a teoria de gênero nos conduz após o crepúsculo das grandes ideologias políticas no século XX; é uma reformulação com potência mais destrutiva que tudo que se viu até então; não é possível dizer que “acabada”, porque ainda opera “construtiva e dialeticamente” em negações e afirmações contínuas para usar uma linguagem mais filosófica. Está assentada em quatro pilares: pós-estruturalismo, ultraliberalismo, neomarxismo e existencialismo).

A questão é que ante o exposto, não é possível que o conceito de gênero seja adotado pelo ordenamento jurídico sem que isso cause toda uma ruptura no próprio sistema. Nosso direito está fundado na certeza e na estabilização dos conflitos (raízes da tradição da civil law). Não é possível adotar um conceito ambíguo que está mal resolvido inclusive no plano internacional. Não é possível inserir um vírus que o faça ruir abaixo. É um ato de fé muito grande esperar que das cinzas da destruição surja um mundo novo como apostam os defensores.

Em outras palavras, a expressão “gênero” não é tão elucidativa como outras que nosso ordenamento já absorveu: sexo, raça, cor, religião etc. Aliás, se o problema é a discriminação contra os LGBTs e a desigualdade em relação às mulheres há arsenal jurídico e teórico suficientes para lidar com essas difíceis questões e não precisamos da importação de ideologia para cumprir esse desiderato, embora se prometa cumpri-lo, as condições para tanto são mínimas ou zero pela própria “natureza” do que defendem. Se nem eles sabem o que gênero pode vir a se tornar, como garantem que livrará a humanidade dos males da intolerância? E emancipará todos os oprimidos?

Essa garantia não existe! E, embora não tenha sido essa a inspiração, cabe dizer que a ideologia de gênero nas suas raízes estadunidenses – sem levar em conta as subvenções vultosas que recebe do capital financeiro das fundações americanas – são, ao fim e ao cabo, uma nova forma de colonialismo cultural sobre os países em desenvolvimento e mais pobres. Ela tem que ser encarada como um novo tipo, mais sofisticado, é claro, de imperialismo cultural. Muito mais daninho porque camuflado e passado em nossas terras como se fosse coisa nossa, mas não é! É uma ideologia “de gabinete” que não se sustenta na realidade e a própria ciência o atesta. Não é assim que vamos solucionar nossos problemas que comparativamente são muito mais gravosos do que os do país de origem.

11) Convém ensinar ideologia de gênero a uma criança e/ou a um adolescente em formação?

Essa é uma pergunta que acredito que você, professor, tenha condições de responder agora. Se não quiser acreditar em mim, não há problema. Recomendo alguns livros em português que abordam o assunto para que aprofunde e chegue às suas conclusões sozinho: “Gender, quem és tu?” (Olivier W.), “A ideologia de gênero” (Jorge Scala), “A ideologia de gênero nas escolas” (Marisa Lobo), “Agenda de Gênero” (Dale O’Leary).

Vamos aos dados. Segundo o levantamento do Fórum Econômico Mundial, o Brasil está na 133ª posição de 139 nações e um dos piores é MATEMÁTICA e CIÊNCIAS. Em pesquisa feita pela UnB, mais de 50% dos UNIVERSITÁRIOS brasileiros são ANALFABETOS funcionais. Vou repetir: UNIVERSITÁRIOS. Em 2014, 70% da população não abriu um livro sequer. 27% dos brasileiros, segundo o IBGE, são analfabetos funcionais. 13 milhões são analfabetos absolutos (não sabem ler, nem escrever nada). E poderia ficar aqui citando mais e mais dados e estatísticas.

De novo: a ideologia de gênero é um problema nosso?

No lugar de debatermos formas de superarmos a pobreza e o analfabetismo, por exemplo, gastaremos o tempo de nossas crianças para assimilarem vômito ideológico dos EUA, que é um assunto mal-resolvido entre eles mesmos, afinal, como “ensinar” sobre “gênero”, uma vez que se trata de “infindáveis escolhas”, sendo possível até que cada pessoa tenha um gênero para chamar de seu?

Definitivamente, essa não pode ser uma questão premente para uma criança e adolescente do Brasil. Não é um problema nosso tanto que no Plano Nacional de Educação em que a inclusão da ideologia foi rechaçada. O Congresso Nacional já sinalizou que esse não é um assunto do Brasil. Não podemos nos tornar laboratórios de ideias malucas vindas do exterior, embora quem as defenda aqui faça com um propósito claro: possuem rabo preso, muitas ONGs são subvencionadas com dinheiro internacional dessas fundações.

O Brasil, mais uma vez, precisa mostrar a sua cara. Contamos com o apoio de vocês, professores, que nos ajudem a entoar esse sonoro não!

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