segunda-feira, 6 de novembro de 2017

As migalhas para Deus


Esse texto será muito curto para fazer uma conexão com o título. A dura verdade da nossa geração é esta: damos as migalhas para Deus. Geralmente, QUANDO dedicamos um tempo para Deus, é um tempo extremamente reduzido (uma oraçãozinha pela manhã e olhe lá ou quem sabe à noite, já com o corpo tomado pelo cansaço de um dia de trabalho). E quando se trata da Igreja, o homem de hoje divide ainda mais as migalhas. Acredita que basta ir à Santa Missa e já cumpriu sua obrigação como quem risca uma atividade que deveria realizar na agenda e diz: pronto, já me livrei desse encargo.

O pior é que muitas vezes o homem – homem e mulher – vai à Igreja e “entra puro e sai vazio”, mesmo que tenha recebido a Eucaristia, isto é, o Corpo Santíssimo de Nosso Senhor, o alimento de vida eterna e, como Ele mesmo disse, “quem come deste pão e bebe deste sangue jamais terá fome e sede” (Jo 6, 35)! Isso acontece por muitos motivos, seja pela formação precária na catequese que não abre a cabeça ao entendimento, seja porque o padre não se faz entender na homilia, seja pela falta de generosidade com as coisas de Deus etc.

Existe uma piada entre nós que diz que o sacramento que mais salva é o oitavo. Na verdade, só temos sete sacramentos. O oitavo seria a ignorância, o desconhecimento. Acontece que a tragédia de nossa geração é que, graças aos meios de comunicação, principalmente, com a Internet, o acesso ao conteúdo espiritual ficou muito facilitado. Por exemplo, canais como Canção Nova, TV Aparecida, Rede Vida, Século XXI, que transmitem o Evangelho. Ou quem sabe nas redes sociais como a página do Padre Paulo Ricardo no Facebook com mais de 1,3 milhões de seguidores. Tudo muito fácil de encontrar: basta um clique no mouse ou um toque na tela do celular.

O que nos falta hoje é a vontade de nos esforçarmos em entrar pela porta estreita, “porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduzem à perdição e numerosos são os que por aí entram” (Mt 7, 13). Quantas pessoas “de Igreja” você conhece e que vivem igual ou pior como aqueles que estão no mundo? O Papa Francisco insiste em combater a “mundanidade” que está na Igreja, que são aqueles que estão com o corpo aparentemente dentro do templo, mas o coração está fora (Mt 6, 21), eles têm a mente (a mentalidade) conformada com o mundo (Rm 12, 2).

Que câncer terrível nós padecemos. Que câncer terrível que nenhuma “campanha de conscientização” pode dar jeito. Que câncer terrível é o de dar a Deus sempre as migalhas, sempre as sobras, sempre os restos da nossa vida. Um sábio disse certa vez que tudo o que nos restava era DECIDIR o que faríamos com o tempo que nos deram.

A pergunta que me faço é: até quando daremos as migalhas para Deus?

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