domingo, 15 de outubro de 2017

A caricatura de Jesus por Duvivier


Esse texto é uma resposta à caricatura de Jesus que Duvivier desenhou em artigo na Folha [1]. A presunção do humorista chega às raias da loucura: ele escreve como se fosse o próprio Jesus, o que é muito sério e grave, mas sei também ele que não se importa. Portanto, eu me dirigirei a ele em tom descontraído como se fosse engraçado. Frente a frente com Duvivier num boteco, à espera de sua piada sem graça.

Parece que se você lê e escreve, não entende o que lê e escreve. É mais um que compõe o vasto rol de analfabetos funcionais. A título de exemplo, uma pesquisa da UnB revelou que mais de 50% dos universitários brasileiros o são. Não se sinta excluído. A estupidez é coletiva também e pode se organizar nesse "epíteto".

Jesus APARECE e AGE na primeira temporada sim como segunda pessoa da Trindade. Basta ler: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio junto de Deus. Tudo foi feito por ele, e sem ele nada foi feito" (Jo 1, 1-3). Ele estava lá o tempo todo, embora só se encarne na "segunda temporada". Não vou perder tempo em explicar a questão da Trindade que dificilmente entenderá.

Quanto ao fato de Jesus ser de "esquerda" é de uma desonestidade tão grande que dispensa comentários. Usar uma categoria que é sujeita a uma conjuntura histórica para enquadrar pessoas é de uma imbecilidade e anacronismo sem limites. A burrice não tem limites. Quanto mais se cava, mais se acha. Você é prova disso.

Quanto ao jovem rico, cabe explicar a distinção que Cristo faz entre "vida eterna" e "reino dos Céus" (Mt 19, 16ss). Para ganhar a vida eterna basta cumprir os dez mandamentos como o próprio Jesus diz. Para ganhar o "reino dos Céus" é necessário desapegar-se de tudo.

O que é o Reino dos Céus? Não é aqui na Terra. "Meu Reino não é desse mundo" (Mt 18, 36), ainda que a CNBB pense o contrário. Consiste na vida em Cristo, a vida na graça como grandes santos, místicos e teólogos o interpretaram, a menos que você pense, Duvivier, ser maior que Santo Agostinho, Santo Tomás, Santa Teresa d´Ávila etc. Se Cristo disse que o "servo não é maior que seu senhor" (Jo 15,20), você tomou logo o lugar do Senhor, o quê dizer? É evidente que você se acha mais que todos esses grandes homens.

De novo comete o mesmo erro. Jesus é socialista. A qual socialismo se refere? Acredito que não saiba. Nem Lula sabe qual socialismo quer. Para Marx e Engels, a religião consistia em ópio do povo. Cristo é quem liga de novo (religa) o homem a Deus, reconcilia-o com o Pai. Logo, para Ele que é a "religião" em pessoa, não pode ser ópio, não é mesmo?

Eu o apresento para você, Duvivier. Cristo é, segundo seu amigo e primo João Batista, o "cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" (Jo 1, 29). Pecado para você deve ser bobagem, pois é... O ator que "interpreta" o papel de Jesus está muito mal. Só o Porta dos Fundos para querê-lo mesmo.

Para Bakunin, pensador que queria o fim do Estado, Cristo inaugura o princípio da laicidade: Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus (Mt 22, 30). E em momento algum defendeu a supressão do Estado romano, por exemplo. Criou limites para a atuação estatal. Que lição os brasileiros poderiam tirar daí quando o Estado intervém em tudo? Até no chopp tomado para desestressar dos problemas criados pelo próprio Estado! Leiam o livro do Bruno G.: “Pare de acreditar no governo, por que os brasileiros não confiam nos políticos e amam o Estado?”

Esse mesmo princípio que vocês da esquerda dizem defender e impõem aos religiosos como mordaça. É óbvio que não sabem o que significa. É um mero peido verbal a alegação que o "Estado é laico". Sem substância nenhuma quando isso sai da boca de vocês. A intenção é meramente silenciar os cristãos, colocá-los num gueto na sua esfera privada e proibi-los de se manifestarem na vida pública. Não, nós temos todo o direito de falar, expressar e expor nossas posições políticas/religiosas, porque o Estado é laico.

Na verdade, não foram os dois ladrões que foram para o paraíso. Foi só o Bom Ladrão, aquele que se converteu na última hora. Será que sabe ler, Duvivier? Tenho minhas dúvidas. A justiça não exclui a misericórdia em Cristo. Deveria saber isso. Não misture alhos com bugalhos, pois terei certeza de que é analfabeto funcional. Jesus disse que não veio para condenar (Jo 12, 47), mas afirma o Inferno (Mt 10, 28) e o Juízo (Mt 7, 21). E aí? Como conciliar? Não peçam ao Duvivier para explicar, por favor.

É importante dizer, Duvivier, que Cristo não personaliza as pessoas. Ele veio para salvar o gênero humano! Homens e mulheres. Mas se até a Presidente separa: "homens e negros", o que, para mim, é um racismo linguístico. Eu explico: homens e mulheres podem ser negros/brancos, ricos/pobres etc. Quem divide para conquistar é sua patota política. Que coloca mulheres contra homens, negros contra brancos, gays contra heteros etc. para dominar a todos no final.

É curioso ver como sua língua é bifurcada como a da serpente (lembra do Gênesis?). Para calar os cristãos, alega o "Estado é laico" de modo histérico. Para angariar simpatia dos cristãos para suas causas, passa-se por um espantalho de Jesus e fala como se fosse Ele. Mas Duvivier só "cola" para quem sabe menos que ele, o que me parece ser muito difícil. Tem que se esforçar muito. 

Além de repetir uma série de chavões, clichês, senso comum etc. que funcionam por causa da "educação" secundarizante que recebemos do MEC que é recompensada com justiça, visto que ocupamos os últimos postos no ranking internacional. Por exemplo, negro não ter alma segundo os cristãos (http://ocatequista.com.br/archives/6379). Se formos olhar na história, foram os negros que começaram a se escravizar primeiro, uns dominando outros. Não os brancos. Será que os coletivos negros podem roer esses dois ossos? Segue: DAVIS, Robert, Christian Slaves, Muslim Masters: White Slavery in the Mediterranean, the Barbary Coast, and Italy, 1500-1800, New York, Palgrave Macmillan, 2004 / BAEPLER, Paul (ed.), White Slaves, African Masters. An Anthology of American Barbary Captivity Narratives, Chicago and London, Chicago University Press, 1999. 

Um recado para os militantes: se você quer dar sua bunda, porque é laica, dê! A única vez que Deus interveio e mandou anjos para destruir cidades pela sua degradação foi em Sodoma e Gomorra. Quando você dá sua bunda, não aparece nenhum anjo para impedi-lo, não é? Nenhum cristão é fiscal da bunda alheia. Mas não use Deus para justificar sua putaria. Não use o nome santo de Jesus para dar legitimidade aos seus pecados.

Foi Ele mesmo quem disse que o casamento é entre homem e mulher (Mt 19, 5) e seu maior apóstolo, para quem apareceu inúmeras vezes pessoalmente depois da Ressurreição, disse que a sodomia era pecado grave (Rm 1, 25ss). Será Jesus homofóbico (sic) também? Se você quer defender o aborto, porque seu ovário tem que estar livre do rosário, ainda que algumas feministas fiquem enfiando crucifixos e imagens de Nossa Senhora no brioco, não use da piedade cristã para acobertar o crime que é uma mãe matar o filho e sair impune. Cristo era Cristo no ventre de sua mãe (Lc 1,41). Não era um "objeto", uma "coisa" etc. Era um ser humano. E assim sucessivamente.

Em outras palavras, parem de usar o nome de Deus em vão. É uma ofensa ao segundo mandamento. Não digo agora para Duvivier que caga para isso. Jesus para ele é só um navio fura-gelo para sensibilizar outros estúpidos e mudar a sociedade. Falo para as pessoas que ainda têm temor a Deus, mas insistem em justificar suas "lutas políticas", sob um manto de um falso cristianismo. Se Jesus estivesse aqui, faria isso e aquilo.

Não sei se sabe, no entanto, Cristo é o mesmo ontem, hoje e sempre. Se o Cristo de ontem não justificou nenhuma dessas causas, não será agora, tampouco no futuro que mudará de ideia. E chego à conclusão: qualquer pastor semi-letrado entende mais da Bíblia que o Duvivier. Isso ficou cristalino ao analisar esse cocô verbal. Se há alguém que precisa sentar e aprender com os pastores, é você, Duvivier. Ainda há tempo.

Fica o convite também de Cristo: Convertei-vos e crede no Evangelho. Não o Evangelho moldado de acordo com seus gostos, nem um "deus" self service que você escolhe o que mais lhe agrada, porque se "deus" é o que quero que seja, eu sou "deus" de mim e caio na idolatria. Se eu determino o que "deus" pensa, eu sou "deus" de mim. 

Mas Cristo que faz um marketing às avessas também disse: quem quiser me seguir, RENUNCIE A SI MESMO, tome sua cruz e me siga. Quem se entrega ao pecado, é escravo do pecado. Eu vim chamar os pecadores. Convertei-vos e crede no Evangelho. Meu jugo é suave, pois sou manso e humilde de coração. Está sem referência bíblica para fazer os leitores pesquisarem e não caírem na lorota de tapeadores. Quem não é cristão, leia o "cerne" dos Evangelhos em Mateus de 5 a 7 e verá que Duviver é um pilantra. Não acreditem em mim, e sim, nos seus próprios olhos (groucho Marx).

Dirijo-me aos católicos agora, é como Nossa Senhora de Fátima exigiu: "Parem de ofender a Deus, Nosso Senhor, que já está muito ofendido". É hora de fazermos o que nos cabe, de nos unirmos e rezarmos. Não contem com a CNBB que deu azo a esse estado de coisas. A CNBB está mais preocupada com "questões sociais" do que com quantos católicos que cometem sacrilégios em todos os domingos por comungarem sem ter se confessado, mesmo depois de terem feito pecado grave.

Ah: a mídia não fala, mas a CNBB não representa a posição oficial da Igreja. É só um aglomerado de bispos que emitem notas solitárias, cuja catolicidade está sob suspeita em alguns pontos. Como o Leonardo Steiner que defendeu o casamento gay, por exemplo [2]. Secretário-geral da decaída entidade.

Por fim, saibam que Cristo é radical! Ele quem disse: quem não está a meu favor, está contra mim. Apesar de parecer que o mal vence cada vez mais batalhas, cabe dizer que Deus vencerá no final das contas. Isso é certo. Na Cruz, Jesus venceu todos os inimigos. O que importa é saber de qual lado estará quando isso ocorrer. Que Deus nos ilumine, sobretudo o Duvivier. 

Todos esses males seriam evitados, se nosso povo entendesse essa lição: "A opinião de um ator sobre política não importa merda nenhuma" (Kevin Spacey ao El País). Na religião então nem se fala.

Notas


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