segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Código da Vinci: nada há de novo debaixo do sol


Publicamos, sob autorização, uma excelente resenha do Pe. Juliano Ribeiro Almeida sobre o filme, também homônimo do livro, Ó Código da Vinci, escrito em 2006. O texto nos recorda o livro do Eclesiastes: nada há de novo debaixo do sol...


O FILME DO CÓDIGO
Pe. Juliano Ribeiro Almeida

Na próxima sexta-feira estréia nos cinemas de todo o Brasil o filme “O Código Da Vinci”, considerado a bilheteria mais esperada do ano e, certamente, um dos maiores sucessos cinematográficos dos últimos tempos, se seguir o estrondo de vendas que teve o livro que o inspirou.

Não há mais como desautorizar a obra; isso já foi feito e também vendeu bastante. Mas não adianta mais, pois a campanha já obteve o efeito desejado; e tudo colaborou para que a expectativa enfim vencesse o receio: até mesmo os pronunciamentos contrários ao filme por parte de algumas instâncias da Igreja Católica já cumpriram o seu papel de incentivar ainda mais a curiosidade do público. O polêmico nunca vai ser tão gostoso de se devorar quanto o proibido.

O fato é que o filme está aí e todos assistirão a ele. O público não-leitor também vai ter acesso à intrigante investigação do professor de simbologia religiosa Robert Langdon e da criptógrafa Sophie Neveu sobre um assassinato em Paris envolvendo um membro de uma antiga confraria que guarda alguns grandes pretensos segredos:

Na p. 251 do livro, faz-se um grande alarde para se dizer que Jesus foi um “homem mortal”. Grande coisa! A própria profissão de fé dos cristãos já afirma isso: “padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado”. O cristianismo professa que Jesus morreu de verdade, pois assumiu em tudo a condição humana.

Adiante, na página 273, revela-se que Jesus é “um profeta totalmente humano”. Onde está a novidade nessa afirmação!? Os cristãos acreditam que Jesus era, sim, verdadeiramente humano, mas isso não significa negar que Ele seja divino. A doutrina cristã sempre afirmou que Cristo é “verdadeiro Deus e verdadeiro homem”, e não metade Deus, metade homem.

Um dos erros crassos de Dan Brown foi apresentar a interpretação que alguns evangelhos apócrifos fizeram desse “segredo” e apresentá-los como algo guardado a sete chaves pelo Vaticano, quando na verdade eles estão publicados, estudados nos seminários e facilmente localizados em sebos de toda sorte. Parece que a receita do autor é a mesma boa e velha tempestade em copo d’água; a mesma utilizada já em outros filmes, como Stigmata e O Corpo, por exemplo.

Quando se achava que a teoria do Santo Graal não alcançaria um lugar mais digno que aquele em Indiana Jones, lá vem a inusitada nova versão dos fatos: o Santo Graal não seria verdadeiramente o cálice da última ceia, mas a notícia de que o discípulo amado não era João, o evangelista, mas Maria Madalena, com quem Jesus teria se casado e estabelecido uma descendência que hoje vive na França.

No final das contas, o filme terá mais condições de atrair um incrédulo que se interesse pelo cristianismo do que abalar a fé de um cristão mediano com um mínimo de inteligência histórica. 

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